POR DINIZ JÚNIOR
Depois de quase dois meses de tentativas falidas de conter o vazamento de óleo no Golfo do México, o mundo se pergunta: o que é preciso mudar para evitar acidentes em poços profundos? O que muda no Brasil com este acidente?
Redemoinho de petróleo nas correntes do Golfo do México
O laboratório da COOPE no Rio de Janeiro estuda falhas em equipamentos submarinos na exploração e produção de petróleo.Este centro é um dos que levaram o Brasil a liderança mundial na tecnologia de poços em águas profundas.
O acidente veio em uma péssima hora para o Brasil. A Petrobras está as vésperas de uma oferta de ações ao mercado para aumentar o dinheiro em caixa , para manter seus investimentos, onde o pré-sal ocupa lugar de destaque.
Os investidores ficaram mais arredios em vista dos prejuízos financeiros que um acidente de grande porte pode causar a uma empresa. E a operação pré-sal é bem mais difícil do que a do Golfo do México.O poço acidentado está há 1 500 metros de profundidade. No pré-sal a profundidade e de 5 mil a 7 mil metros. A Petrobras tem bons critérios de segurança, mas acidentes acontecem. A prova foi o afundamento da plataforma P-36 em 2001, na Bacia de Campos. Não foi uma catástrofe ambiental, mas onze pessoas morreram e a plataforma de 350 milhões de dólares foi para o fundo do mar.
ENTREVISTA AO PROGRAMA SEM FRONTEIRAS DA GLOBO NEWS
SEGEN ESTEFEN, PROFESSOR DE ENGENHARIA OCEÂNICA DO COOPPE/UFRJ
Esse acidente assusta o Brasil?
Certamente nos assustou e muito, porque é uma tecnologia madura. E não se tinha uma expectativa de uma falha desse porte. Não se consegue cointer o vazamento porque a indústria do petróleo não tem tecnologia para essa emergência e para essa profundidade,de 1 500 metros.
Com tantos riscos, o que é preciso mudar nos padrões de segurança nos poços profundos no Brasil e no mundo?
Esse acidente ocorreu com uma empresa que atua em vários países. Não seria a hora de fazer uma regulação global pára os países que exploram petróleo? Isso é o ideal, mas eu diria que antes de isso ocorrer, os órgãos reguladores nacionais devem atuar. Eles não devem ficar a espera de um regulamento internacional. No nosso caso, a Agência Nacional do Petróleo deve analisar essa questão e tomar medidas
Eles devem garantir procedimentos unificados e padronização dos equipamentos de segurança.
No caso da exploração do pré sal aqui no Brasil, nós corremos o risco de alguma acidente com consequências semelhantes, lembrando que a Petrobras já teve um grande acidente na sua história que foi o afundamento da plataforma P-36.
A Petrobras tem padrões muito altos de segurança. Mas em função desse acidente, muita coisa vai ter que ser repensada, analisada e aprofundada. Ela tem as ferramentas para fazer isso. O pessoal técnico qualificado e tem uma imensa rede que inclui as universidades para dar o apoio científico e tecnológico.
No caso do Brasil, o que deve ser feito para que acidentes como esse não aconteçam, quais seriam as medidas do governo Brasileiro.
Primeira ação seria reforçar tecnicamente a Agência Nacional do Petróleo.A ANP deve ser um órgão com forte corpo técnico para poder de forma crítica analisar as questões de segurança no mar brasileiro.
E de forma independente?
Com certeza.
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