O diretor do Centro de Engenharia Naval
e Oceânica do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), engenheiro naval Carlos Padovezi (foto), será um dos palestrantes do NAVTEC, evento paralelo durante a realização da 1ª Feira do Polo Naval RS. O tema da palestra é o "Plano Estratégico
para o Brasil". No ano passado Padovezi concedeu uma entrevista à Revista Conexão Marítima na qual transcrevemos a seguir:
Uma pesquisa da ONU aponta que os navios são
responsáveis pela emissão de 1,12 bilhão de toneladas de CO2 na atmosfera.
Essa questão está gerando polêmica. Qual a sua posição em relação a esse tema?
É um preço que se paga pelo transporte de
mercadorias entre os países do mundo. Contudo, não há alternativas de
transporte mais econômicas e menos poluentes que os navios. Devem ser buscadas,
cada vez mais, formas de aumentar a eficiência do transporte marítimo e reduzir
as emissões. Essa prática é mantida na grande maioria dos navios da frota
mundial.
Os portos brasileiros estão preparados para
contribuir com a redução de emissões de poluentes?
Ainda não há um esforço importante no
sentido de reduzir a emissão de poluentes nos portos. As operações nos portos
são realizadas, principalmente, pelas embarcações de apoio conhecidas como
rebocadores portuários. Uma ação eficaz para minimizar a emissão de poluentes
nos portos deve passar pelo controle de emissões dos motores dos rebocadores.
Nos EUA, em
algumas regiões, os cargueiros só podem navegar a 38 km das praias. Essa medida
resolve o problema?
Há preocupações em minimizar as emissões
nas proximidades das regiões povoadas. Em muitos locais, exige-se combustível
mais limpo quando o navio está próximo à costa – existem, inclusive, motores
que operam com dois combustíveis e que podem utilizar gás em áreas
ambientalmente mais sensíveis.
A Marinha Mercante brasileira, na sua opinião, está
preparada para lidar com esse problema?
Há uma tendência dos armadores em obter a
eficiência energética dos seus navios por conta do alto custo (que veio para ficar)
dos combustíveis. O aumento da eficiência reduzirá a quantidade de combustível
e, consequentemente, a emissão de poluentes. Outra questão importante é a
substituição do óleo pesado por combustíveis menos poluentes.
A indústria naval não deveria apostar
em inovações de sistemas de propulsão para economizar energia?
Vivemos uma realidade de altos custos
operacionais, resultantes, principalmente, dos preços dos combustíveis. Quem
não investir em sistemas mais eficientes de propulsão será, aos poucos, alijado
do mercado de transporte marítimo. Os desafios de buscar soluções mais
eficientes e menos poluidoras estão lançados – quem vencer terá as compensações
de transportar com maior eficiência econômica e sofrerá menos com a pressão
crescente da sociedade por um menor volume de emissões de poluentes.
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