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quarta-feira, 8 de julho de 2009

A HOLANDA QUE VI E AS SURPRESAS


ARTIGO PUBLICADO NO DIA 27 de fevereiro de 2009

Visitei a Holanda, durante seis dias, juntamente com o meu colega de trabalho Leandro Ramis. Fomos para a Holanda a convite do governo do país para conhecermos os sistemas de infra-estrutura e logística hidroportuária, que são modelos para o mundo, em eficiência modernidade, e descrevê-los para o Brasil, um mercado com imenso potencial a ser, ainda mais, explorado pelos empresários locais.


E para os brasileiros conhecerem o que é a Holanda, principalmente os gaúchos. Logo percebi que nossa viagem seria cheia de surpresas.A Holanda é o país das águas. Os holandeses construíram diques para controlar a água. Os velhos moinhos ainda existem e são preservados como monumentos do passado holandês. Aliás, o passado desse maravilhoso país, está exposto ao ar livre. História cultural sobre a água e na costa do lago Amstel. Em um país rodeado pela água, o comércio marítimo é muito forte. A água esculpiu a paisagem de Amsterdã, nossa base durante a visita. Ainda visitaríamos Roterdã, e Haia, sede do governo.Os mercadores do século 17 já naquele tempo, desfrutavam da vida para os canais. Eles eram ricos e construíram suas casas na chamada idade do ouro, quando a Holanda era uma das nações líderes da navegação e Amsterdã, o seu centro de operações.A costa da Holanda tem 530 quilômetros de extensão, banhada pelo mar do Norte, cujas correntes árticas fazem a temperatura da água nunca superar os 5º graus.Os Países Baixos vêm ocupando, nos últimos anos, as primeiras posições no ranking de investidores externos no Brasil. Lideraram a lista em 2002, 2004 e no ano passado, segundo o Itamaraty.


Em 2007, empresas holandesas investiram US$ 8,1 bilhões no Brasil, o equivalente a 23,6% dos US$ 34,3 bilhões de investimentos externos diretos no país, de acordo com dados oficiais.Igualmente importante, a corrente de comércio entre os dois países indica o quanto o Brasil está na mesa dos holandeses. No ano passado, o Brasil vendeu o equivalente a US$ 8,84 bilhões para os Países Baixos, grande parte em produtos agrícolas: soja, óleo de soja, carnes de boi e de frango, café, suco de laranja, uvas frescas.Cabem sete Holandas dentro do Rio Grande do Sul. Espantoso. A extensão territorial equivale ao estado de Sergipe, que a coloca em 134º lugar em tamanho, dentre o total de 209 países. Tem 130 mil quilômetros de rodovias, que transportam cerca de 100 mil toneladas de cargas por ano. Pelos 3,5 mil km de ferrovias são escoadas 1 milhão de toneladas/ano.


É um país surpreendente.Percorrendo as auto estradas da Holanda, fico pensando como esse país, que foi destruído na segunda guerra, reconstruiu tudo a partir do pouco que sobrou e o fez de forma tão organizada e admirável.
A caminho do porto de Roterdã, descubro que para que o barulho dos carros não incomode, em alguns pontos da auto-estrada,há, junto aos guard rails, placas plásticas com cerca de cinco metros de altura, que formam uma espécie de muro. A redução do ruído chega a 80%, permitindo um sono tranqüilo até para quem mora próximo a uma rodovia. Fico imaginado essas placas em nossas rodovias, quanto tempo durariam.
Outra surpresa: no porto de Roterdã, o maior da Europa,visitamos o Ghost Terminal, ou Terminal Fantasma. Ele é assim chamado porque não há motoristas dirigindo caminhões nem operadores manobrando empilhadeiras, tudo é informatizado e controlado por uma torre.O Brasil e em especial, o Rio Grande do Sul, tem muito que aprender com os holandeses. Nesta semana, desembarca no Brasil, uma missão do governo da Holanda com 60 empresários. Visitam inclusive o porto do Rio Grande.


O governo gaúcho inicia este ano projeto ambicioso para elevar a participação do modal hidroviário na movimentação de cargas para 15% até 2017. Hoje, ele não passa de 4% de um total de 90 milhões de toneladas anualmente. O Estado possui 750 quilômetros de vias navegáveis e deseja adequá-los nos moldes dos corredores existentes na Holanda, e para isso colocará em prática o acordo de cooperação técnica firmado o ano passado com autoridades holandesas, que administram o porto de Amsterdã. O objetivo é usar o modal para transporte de contêiner. Há um ditado corrente no país: com medidas e planejamento, se emprega mais tempo que com a execução. Quem sabe, não chegou a hora dos gaúchos colocarem isso em pratica? Oxalá, seja outra surpresa agradável.

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