Páginas

Arquivo

sábado, 14 de maio de 2011

Um plano para desvendar o clima



Reportagem publicada no jornal Zero Hora na edição de sábado, 14 de maio, mostra que UFRGS quer construir o Centro Polar e Climático. Trata-se de um local de pesquisa de ponta sobre gelo que pretende erguer na CapitalUm projeto ambicioso liderado pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pode deixar Porto Alegre mais próxima das geleiras polares do que ensina a geografia. Se o plano der certo, em dois anos, a Capital gaúcha ganhará um centro nacional de ensino e pesquisa de ponta, com foco na criosfera – a superfície terrestre coberta por neve e gelo – e na sua influência sobre as mudanças climáticas globais.

O primeiro passo, destaca o glaciologista Jefferson Cardia Simões, coordenador da proposta e membro da Academia Brasileira de Ciências, já foi dado. Pelo menos no papel, o prédio que abrigará o Centro Polar e Climático (CPC), a ser erguido na entrada do Campus do Vale, no bairro Agronomia, já tem uma cara.

Será uma edificação de cerca de 3 mil metros quadrados de área, no formato de um navio, em alusão à maneira mais comum de acesso ao continente gelado. O espaço incluirá um museu temático aberto à visitação, um auditório e laboratórios de altíssima tecnologia, a ponto de tornar o local uma referência na América Latina.

– Queremos que o CPC receba pesquisadores de renome, doutores e pós-doutores, e também alunos dos ensinos Fundamental e Médio, das redes pública e privada – destaca Simões.

Outro benefício, segundo o climatologista do CPC, Francisco Aquino, será a possibilidade de Porto Alegre sediar conferências nacionais e internacionais de clima, mobilizando estudiosos e curiosos. Isso significa que, além de contribuir para o avanço científico, o novo centro poderá turbinar a economia da cidade. E do Estado.

Para tanto, a intenção dos idealizadores é de que os visitantes sejam surpreendidos logo na chegada, quando depararem com um ambiente moderno e sustentável.

– A ideia é que o projeto seja certificado por levar em conta as questões ambientais – afirma o arquiteto Marcel Schacher, diretor da MS Estúdio de Arquitetura, responsável pelo visual.

O desafio, agora, é tornar o sonho realidade. Segundo Simões, por enquanto, a universidade tem apenas 50% do valor estimado da obra – que é R$ 3 milhões – e ainda precisa ser licitada. O restante, ele espera conseguir por meio de outras fontes:

– Gostaríamos do apoio da iniciativa privada. Tenho certeza que haverá empresários interessados em ajudar.

juliana.bublitz@zerohora.com.br

Conheça o projeto

Confira como será o prédio do Centro Polar e Climático:

- No formato de uma embarcação, o espaço terá cerca de 3 mil metros quadrados de área e contará com espaços para visitação e pesquisa.
- Concebido para ser ambientalmente sustentável, terá cisternas para acumular água da chuva e reutilizá-la, assim como “telhado verde”, áreas de transparência para receber a luz solar e ventilação natural.
- Do lado de fora, será rodeado por jardins temáticos e estacionamento.

SUBSOLO

- Será equipado com dois laboratórios científicos de alta tecnologia, com câmeras frias a uma temperatura de -30°C a -40°C, onde os cientistas poderão analisar amostras de neve e gelo coletadas na Antártica e nos Andes.
- Contará com um espaço de armazenamento para os equipamentos usados pelas equipes em suas pesquisas de campo – como roupas polares, trenós e demais veículos utilizados na neve e perfuradoras de gelo – e com oficinas para a manutenção do material científico.

1º ANDAR

- Abrigará um museu interativo, que contará a história da exploração das regiões polares, com exposição de mapas, equipamentos e adereços usados por exploradores no presente e no passado, entre outros itens.
- Terá um auditório para 200 pessoas, que servirá de palco para palestras, conferências, cursos e discussões relacionadas às mudanças climáticas, voltadas para o público em geral e os especialistas.
- Receberá um balcão de atendimento, banheiros e possivelmente um café.

2º ANDAR

- Será ocupado por salas de estudos, que serão destinadas a pesquisadores do centro.

3º ANDAR

- A intenção é que também abrigue salas de pesquisa e laboratórios com computadores.

O QUE FALTA PARA SAIR DO PAPEL

- Por enquanto, a UFRGS conta com 50% do valor estimado da obra (R$ 3 milhões).
- O anteprojeto está pronto, mas ainda falta abrir licitação para a construção.
- Para conseguir os recursos que faltam para erguer o centro de pesquisa, a intenção é buscar apoio não apenas no governo federal, mas também em outras fontes de financiamento, incluindo a iniciativa privada.

0 comentários

Postar um comentário