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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Entrevista CARLOS DAHER PADOVEZI, Diretor do Centro de Engenharia Naval e Oceânica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT)




O diretor do Centro de Engenharia Naval e Oceânica do  Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), engenheiro naval Carlos Padovezi (foto), será um dos palestrantes do NAVTEC, evento paralelo durante a realização da   Feira do Polo Naval RS. O tema da palestra é o "Plano Estratégico para o Brasil". No ano passado Padovezi concedeu uma entrevista à Revista Conexão Marítima na qual transcrevemos a seguir:

 

Uma pesquisa da ONU aponta que os navios são responsáveis pela emissão de 1,12 bilhão de toneladas de CO2 na atmosfera. Essa questão está gerando polêmica. Qual a sua posição em relação a esse tema?

É um preço que se paga pelo transporte de mercadorias entre os países do mundo. Contudo, não há alternativas de transporte mais econômicas e menos poluentes que os navios. Devem ser buscadas, cada vez mais, formas de aumentar a eficiência do transporte marítimo e reduzir as emissões. Essa prática é mantida na grande maioria dos navios da frota mundial.

Os portos brasileiros estão preparados para contribuir com a redução de emissões de poluentes?

Ainda não há um esforço importante no sentido de reduzir a emissão de poluentes nos portos. As operações nos portos são realizadas, principalmente, pelas embarcações de apoio conhecidas como rebocadores portuários. Uma ação eficaz para minimizar a emissão de poluentes nos portos deve passar pelo controle de emissões dos motores dos rebocadores.

Nos EUA, em algumas regiões, os cargueiros só podem navegar a 38 km das praias. Essa medida resolve o problema?

Há preocupações em minimizar as emissões nas proximidades das regiões povoadas. Em muitos locais, exige-se combustível mais limpo quando o navio está próximo à costa – existem, inclusive, motores que operam com dois combustíveis e que podem utilizar gás em áreas ambientalmente mais sensíveis.

A Marinha Mercante brasileira, na sua opinião, está preparada para lidar com esse problema?

Há uma tendência dos armadores em obter a eficiência energética dos seus navios por conta do alto custo (que veio para ficar) dos combustíveis. O aumento da eficiência reduzirá a quantidade de combustível e, consequentemente, a emissão de poluentes. Outra questão importante é a substituição do óleo pesado por combustíveis menos poluentes.

A indústria naval não deveria apostar em inovações de sistemas de propulsão para economizar energia?

Vivemos uma realidade de altos custos operacionais, resultantes, principalmente, dos preços dos combustíveis. Quem não investir em sistemas mais eficientes de propulsão será, aos poucos, alijado do mercado de transporte marítimo. Os desafios de buscar soluções mais eficientes e menos poluidoras estão lançados – quem vencer terá as compensações de transportar com maior eficiência econômica e sofrerá menos com a pressão crescente da sociedade por um menor volume de emissões de poluentes. 

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