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domingo, 26 de setembro de 2010

Oceanos em Apuros V- Oceanólogos da FURG mapeiam fundo do mar brasileiro



Os pesquisadores elaboraram um mapa tridimensional do fundo do mar entre os litorais do Rio Grande do Sul e da Bahia, mostrando detalhes nunca vistos do relevo da costa brasileira. Com o auxílio de sons de alta freqüência, o mapa abrange a costa do Brasil do Rio Grande do Sul à Bahia e pode trazer informações valiosas sobre as correntes e os seres vivos marinhos. A pesquisa tomou seis anos de trabalho dos oceanólogos Lauro Madureira, Christian Ferreira e colaboradores da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG). O mapa vai do arroio Chuí, o ponto mais ao sul do Brasil, até a embocadura do rio Real, na fronteira entre os Estados da Bahia e do Sergipe.





mar_furg Os mapas detalham o relevo de uma área submersa que se inicia a poucos metros da costa brasileira





A coordenação da pesquisa é do oceanólogo Lauro Saint Pastous Madureira, do Laboratório de Tecnologia Pesqueira e Hidroacústica, que coordena o trabalho de coleta de dados e de elaboração de cartas digitais com base na batimetria, uma técnica que permite mapear o fundo do mar (ou de um rio), usando o som, que emitido em direção ao fundo, o som permite calcular a distância entre o leito do oceano e a superfície.



Gerados a partir do processamento de dados fornecidos por satélite, os mapas detalham o relevo de uma área submersa que se inicia a poucos metros da costa brasileira e avança mais de 1.200 quilômetros mar adentro. Com até 7 milhões de pontos georreferenciados com latitude, longitude e profundidade determinadas com rigor, as imagens do assoalho marinho revelam o que a água do mar normalmente esconde: as formações geológicas que constituem o leito do Atlântico.





A equipe da FURG utilizou mais de 7 milhões de pontos de georreferência com latitude, longitude e profundidade determinados com precisão, para construir as imagens do fundo do Oceano Atlântico



É um mundo impressionante de fendas, planícies, escarpas e montanhas permanentemente inundadas. O piso do oceano pode estar a 20 metros de profundidade, em pontos próximos do continente, ou a mais de 4 mil metros de fundura, em alto-mar. Cerca de 80% das informações usadas para fazer os mapas foram obtidas nos últimos cinco anos por meio de sete cruzeiros realizados pela equipe do laboratório de hidroacústica, cinco deles a bordo do navio oceanográfico Atlântico Sul, da Furg. "Usamos dados de satélite e de eventuais medições feitas por outras embarcações apenas para complementar nossos mapeamentos", afirma Madureira.



A criação dos mapas é um subproduto de trabalhos feitos pelo laboratório de hidroacústica da Furg para o Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva (Revizee).





fundo_do_mar_belmonte A bordo do navio Atlântico Sul, os cientistas percorreram mais de 29 mil quilômetros do mar territorial brasileiro





Financiado pelo Governo Federal, o Revizee reúne 150 pesquisadores de 40 instituições nacionais, com o propósito de dimensionar os estoques de pescado marinho de uma área oceânica que começa onde acaba o mar territorial do Brasil, a 12 milhas náuticas da costa (22 quilômetros) e se estende por mais 188 milhas náuticas (cerca de 350 quilômetros) mar adentro - é a chamada Zona Econômica Exclusiva (ZEE)."Quando o Revizee fechar os dados sobre os estoques marinhos da costa brasileira", diz Madureira, "poderemos usar nossas imagens digitais como um pano de fundo para gerar mapas tridimensionais com a localização exata dos principais estoques de peixes do litoral, além de definir com maior precisão as correntes marinhas e as áreas de maior riqueza de plâncton, microrganismos marinhos que vivem próximos à superfície." Desse modo, segundo o pesquisador, será possível entender melhor como se organiza a riqueza biológica da costa brasileira, uma das mais extensas do mundo.

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