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domingo, 26 de setembro de 2010

Oceanos em Apuros VI - Um hospital que salva vidas marinhas é referência internacional no Sul do País




DSC00075 Os pinguins passam por banhos de limpeza para a retirada do óleo, com água morna e detergente.


Junho de 2002. Um grupo de pinguins de Magalhães é contaminado por óleo. Eles foram resgatados em uma faixa de praia de 300 quilômetros entre Mostardas e a Barra do Chuí, no sul do país. Dezoito animais morreram, mas 82 sobreviveram graças à dedicação dos técnicos e voluntários do Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM) do Museu Oceanográfico ligado à Fundação Universidade do Rio Grande. Durante o processo de recuperação, os pinguins passam por banhos de limpeza para a retirada do óleo, com água morna e detergente. Depois, são colocados em piscinas para reaprenderem a estimular a glândula urupija, que permite aos animais regular a temperatura corporal, cuja diminuição pode levá-los à morte por hipotermia. “O nosso trabalho é recuperar os animais e reconduzi-los à natureza. Eles chegam aqui muito fracos, mas conseguimos recuperar cerca de 90% dos animais”, diz o diretor do CRAM Lauro Barcellos. O Centro é mantido graças ao apoio da iniciativa privada, como a empresa Petrobras.





071019_f_036Após receberem tratamento no CRAM, os pinguins são liberados na praia onde farão uma longa viagem de volta para casa


A Furg realiza o trabalho de recuperação de animais marinhos desde 1975. No ano seguinte, a estrutura de recuperação dos animais começou a receber melhorias com apoio do Ministério do Meio Ambiente, do Banco Internacional Mundial (BID) e Fundo Nacional do Meio Ambiente. As chamadas para desenvolver trabalhos no exterior começaram em 1995. Uma das atuações mais importantes da equipe do Museu em recuperação de animais atingidos por derramamento de petróleo foi o trabalho desenvolvido na Baía de Guanabara, em 2000.


No Cram, os animais recebem primeiro hidratação e alimentos à base de pasta de peixe. Depois de recuperarem o peso normal — de 3,5 a 4,5 quilos —, os pinguins passam por uma lavagem especial, com água e detergente específico para a retirada do óleo. Após um longo período de descanso, eles são devolvidos ao mar. Da espécie pinguins de Magalhães, as aves migram para a costa gaúcha durante o inverno, vindas das colônias localizadas no sul da Argentina e do Chile, em busca de alimento. O principal deles é a anchoíta, uma espécie de pescado.

O efeito do óleo

— O efeito do óleo sobre o pinguim varia conforme a quantidade do produto e as partes do corpo atingidas;

— O mais grave é quando o produto atinge os olhos, os ouvidos ou o bico do animal, quando ele pode ingerir o óleo e ter o aparelho digestivo afetado diretamente;



— Quando o óleo atinge as penas das aves, compromete a capacidade de impermeabilização e pode causar hipotermia (diminuição brusca da temperatura do corpo, que normalmente varia entre 39ºC e 41ºC);



— No processo de recuperação, os pinguins passam por banhos de limpeza para a retirada do óleo — com água morna e detergente — e, depois, são colocados em piscinas infantis para reaprenderem a estimular a glândula urupija, estrutura que permite aos animais regular a temperatura corporal.





pinguim Ficha técnica

Nome científico: Spheniscus magellanicus



Altura: máximo de 70 centímetros



Peso médio: de 3,5 a 4,5 quilos



Origem: colônias reprodutivas localizadas ao sul da Argentina e do Chile



Aparência: o adulto tem uma listra branca característica na lateral da face, com bico, patas e pernas pretas



Expectativa de vida: até 20 anos



Em setembro de 2002, um incêndio no Terminal Marítimo Almirante Maximiano da Fonseca, na Baía de Ilha Grande, em Angra dos Reis, provocou o derramamento de 498 litros de óleo. O Terminal de carga da Transpetro, subsidiária da Petrobras, colocou em ação embarcações de terceiros.




101_1581 Equipe formada por pescadores se prepara para recolher a mancha (simulada por uma material biodegradável)



A empresa realizou um cadastramento de cerca de 300 pescadores que receberam treinamento para atuar em emergências. “Esses pescadores são remunerados para participar dos treinamentos e também o serão em caso de precisaram atuar em um caso real, o que, até o momento, felizmente, não aconteceu”, diz Ricardo Berardinelli, coordenador de Segurança, Meio Ambiente e Saúde dos Terminais Aquaviários da Transpetro. Programas semelhantes foram implantados também no terminal de São Sebastião, São Paulo, onde foram cadastrados 1 300 pescadores, e na região sul, onde pessoas já foram treinadas. Outra tendência que começa a ser aplicada no Brasil é a cooperação de empresas no atendimento de emergências. A estrutura implantada pela Petrobras, com seus Centros de Defesa Ambiental, começa a prestar esse tipo de serviço a outras empresas.



Navios antipoluentes:

Emissão de gases é controlada e o lixo dos navios é transformado em dinheiro para creches


A Aliança Navegação e Logística e a Hamburg Süd vêm realizando um trabalho estruturado e bem-sucedido de preservação ambiental em seus navios. Desde 1997, todos os navios contam com o processo de coleta seletiva. A iniciativa veio complementar o trabalho já desenvolvido pela empresa no sentido de garantir que nenhum resíduo sólido seja lançado ao mar. A expectativa da Aliança, com as novas ações de conscientização ambiental, que incluem cartilhas e palestras, é reduzir o volume de lixo gerado a bordo em 10% em relação a 2004/2005.



O grupo conta, ainda, com um programa de manutenção e retirada de pontos de vazamento em todos os navios. “Trata-se de um procedimento de melhoria contínua, tanto nos navios mais novos quanto nos mais antigos”, explica o coordenador de Qualidade e Meio Ambiente da empresa, Carlos Arthur Pereira.Outra preocupação constante é garantir que os motores principais, auxiliares e caldeiras operem dentro das condições que permitam a redução das emissões de gases.



Aliança Mauá O lixo produzido nos navios da Hamburg Sud vira dinheiro que ajuda as crianças pobres de um bairro de São Paulo



A ideia é melhorar a destinação de resíduos gerados sob responsabilidade indireta das empresas. “Principalmente para o setor de eletroeletrônicos, é importante conhecer a melhor forma de tratar os resíduos deixados após o desembarque da carga, como caixas de papelão, material de amarração, isopor etc”, destaca Melissa Silva responsável por esta área.

Atualmente, a empresa doa o lixo ou recursos gerados pela venda do mesmo para instituições de caridade. Uma das entidades beneficiadas é o Centro Social Anglicano, em São Paulo, que recebeu os recursos arrecadados pela Aliança com a venda de papel. O dinheiro foi utilizado pela instituição para finalizar as obras em uma de suas creches, a Lina Rodrigues, localizada em uma das regiões mais carentes da capital paulista.

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