O delegado Roberto Cordeiro, da Polícia Federal (PF), disse que a Operação Influenza, deflagrada na manhã desta sexta-feira em Santa Catarina e São Paulo, tem relação com a Operação Iceberg, que prendeu 13 pessoas em janeiro deste ano por fraudes na Agência da Previdência Social de Tijucas, na Grande Florianópolis.
A Operação Influenza apura suspeitas de crime contra a administração pública, a ordem tributária, o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, estelionato e falsidade ideológica.
Um total de 252 policiais federais e 33 auditores fiscais da Receita Federal estão cumprindo 6 mandados de prisão preventiva, 18 temporárias e 54 de busca e apreensão (45 em Santa Catarina e 9 em São Paulo). Entre os suspeitos estariam empresários, funcionários públicos e policiais. Segundo a Justiça Federal, a quadrilha teria sede em Itajaí e Balneário Camboriú.
Os crimes
Segundo o delegado, o núcleo principal da investigação começou a partir da descoberta de irregularidades no Porto de Itajaí.
Dali em diante descobrimos uma grande rede de crime organizado. É um desdobramento da Operação Iceberg, quando foi preso o ex-superintendente do Porto Wilson Rebelo.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra os 13 presos da Operação Iceberg, a quadrilha que agia em Tijucas tinha um esquema de concessão de benefícios mediante fraude na Agência da Previdência Social do município.
Os integrantes da quadrilha, que incluía o servidor público federal João Roberto Porto, cobravam em média R$ 20 mil por aposentadoria concedida. A denúncia do MPF relata concessão de 126 benefícios, que teriam causado prejuízo de R$ 5 milhões.
No caso da Operação Influenza, os crimes foram praticados por uma organização com ramificações em Itajaí, Balneário Camboriú, Blumenau, São Francisco do Sul e Florianópolis, nos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia, e nos países da Argentina, Holanda, Reino Unido, Malta, Itália, Noruega, Bermudas, França e Cingapura, entre outros.
Segundo a PF, a organização realizava operações cambiais ilegais, ocultava bens, rendas e movimentações financeiras com o emprego de "laranjas". Também realizava operações comerciais simuladas com o uso de documentos falsos e fraudava licitações.
Para realizar os crimes, os acusados corrompiam servidores públicos, principalmente nos Portos de São Francisco do Sul e de Itajaí, mediante o pagamento de propina.
A organização ainda mantinha equipes de profissionais e empresas em atividade para dar aparência regular a suas ações, além de investir recursos em negócios irregulares.
A PF informa ainda que há fortes indícios de fraudes em licitações promovidas pelo Porto de Itajaí, como o ajuste prévio de empresa vencedora em licitações, afastamento irregular das demais concorrentes e superfaturamento dos serviços contratados.
Os presos também articularam-se para praticar crimes contra o mercado imobiliário, a partir da compra de ações da empresa Agrenco SA., visando lucro indevido. Essa empresa aparece na investigação como vítima do esquema montado pelos acusados.
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