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domingo, 24 de maio de 2009

Cartas da Segunda Guerra Mundial

Notícia publicada na Rádio Nederland,de Hilversum, na Holanda:

‘Proibido para judeus e para cachorros', alertava uma placa no parque Wihelmina, em Utrecht, nos anos 1940. O aviso faz parte das lembranças amargas que a sobrevivente Jacqueline van de Hoeden tem da Segunda Guerra Mundial. Com o pseudônimo de ‘Lieneke', ela buscou força em cartas escritas pelo pai para enfrentar os horrores da perseguição nazista na Holanda.

Jacqueline tinha seis anos de idade quando a Segunda Guerra começou. Para escapar do exército alemão, ela mudou-se para a casa de um médico no leste da Holanda. Durante o período em exílio, seu pai escreveu dezenas de cartas repletas de desenhos e demonstrações de afeto. Quase sete décadas depois, os textos são agora publicados em livro.

A ascendência judia se fez marcante quando Jacqueline foi obrigada a abandonar a escola e seu pai foi proibido de lecionar na Universidade de Utrecht. Foi neste momento que a família Van der Hoeden passou à clandestinidade. Por causa das constantes prisões de judeus na Holanda, o pai de Jacqueline se viu obrigado a levar a filha para a casa do doutor Kohly, na cidade de Den Ham.
Após algum tempo, ela recebeu a primeira carta do pai. "Por meio das cartas eu sabia que todos estavam vivos. Com muita sabedoria, ele mostrava que tudo estava bem, mas sem dizer isto explicitamente. Foi um grande conforto para mim. Eu estava com muitas saudades, mas sabia que ele também estava com saudades de mim." O movimento de resistência se encarregou de entregar uma carta a Jacqueline todos os meses.
As cartas eram na realidade pequenos livros ilustrados. Jacqueline sempre as entregava ao doutor Kohly depois de lê-las. Ele deveria se encarregar de destruí-las para evitar que caíssem na mão de oficiais nazistas. Porém, após o término da guerra, descobriu-se que as cartas haviam sido colocadas dentro de uma lata e enterradas no jardim.
"Para minha grande surpresa, ele pegou uma pá e começou a cavar. Eu nunca tinha o visto trabalhar no jardim. De repente apareceu uma lata em que estavam os livrinhos. Eu fiquei pasma: ‘Você tinha que ter destruído.' Mas ele disse: ‘Eles eram tão belos que não tive coragem'."

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