Páginas

Arquivo

domingo, 31 de julho de 2011

Entrevista Rodrigo Vilaça, Diretor Executivo da ANTF

O Diretor executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça concedeu entrevista para a Conexão Marítima e falou sobre o desenvolvimento do modal no País e os entraves que ainda criam gargalos competitivos para o Brasil. Desde a desestatização das ferrovias brasileiras, realizada de 1996 a 1999, as associadas à ANTF investiram pesados recursos e conseguiram mudar o cenário do setor ferroviário de cargas, que hoje responde por mais de 28 mil empregos diretos e indiretos. Abaixo alguns dos trechos da entrevista.


Quais são os maiores desafios do setor ferroviário no Brasil
O primeiro é a necessidade de eliminação dos gargalos logísticos que dificultam a performance do setor. Hoje, há pelo menos 200 mil famílias residindo nas faixas de domínio das ferrovias, ou seja, moradias irregulares que foram construídas nas proximidades das linhas de trem.Também existem 12,5 mil passagens de nível críticas, que são pontos de cruzamento entre estradas e ferrovias ou pedestres. É em função desses gargalos que os trens comerciais brasileiros são obrigados a andar em baixa velocidade, cerca de 28 km/h, sendo que, em alguns trechos, como no acesso ao porto de Santos, em São Paulo, a velocidade cai para 5km/h.

O Plano Nacional de Logística e Transporte prevê para 2025 uma participação de 32% das ferrovias no modal de transporte nacional. É viável essa projeção na sua opinião?

Creio que sim. Somos otimistas em relação a este percentual porque entendemos que na década do ano 2000 o sistema ferroviário foi recuperado e o governo trouxe à pauta nacional de o desenvolvimento do sistema metroferroviário. Ou seja, não só carga, mas passageiros também. Então aposto que nos próximos anos o Brasil vai realmente produzir essas ferrovias, de trens de alta velocidade, trens de carga e de passageiros. Já provamos que podemos ter um papel diferenciado na movimentação de mercadorias e de pessoas. Acreditamos, e apostamos, que no futuro teremos capacidade e gerenciamento eficaz para executar obras que estão plenamente corretas naquilo que o governo projetou de crescimento e expansão da malha ferroviária brasileira, para carga e passageiros, que é o caso do trem de alta velocidade.


No mundo todo, qualquer governo subsidia situações de melhor viabilidade econômica para os projetos ferroviários


Como as empresas podem agregar valor ao produto através do serviço ao cliente e produtividade à empresa sem aumentar o custo final para o consumidor, em um mundo globalizado?

O caminho natural das empresas para agregar valor tanto aos produtos, quanto às empresas, é investir na melhoria das operações logísticas. Primeiramente, escolhendo o melhor modal de transporte para sua cadeia logística. Para o transporte de produtos agrícolas como soja, arroz e açúcar, assim como minérios e combustíveis, em longas distâncias, as ferrovias podem ser o meio mais econômico, além de sustentável ecologicamente. Para curtas distâncias, para entrega porta a porta, mais pulverizada, o melhor é o transporte rodoviário.

Com poucos trilhos para atravessar o país, o transporte de carga brasileiro está concentrado nas rodovias. As ferrovias hoje transportam 25% de todas as cargas movimentadas no território nacional. Antes da concessão das ferrovias para a iniciativa privada, essa participação era apenas de 17%. Sem dúvida um avanço significativo.

O crescimento de mais de 86% na quantidade de cargas transportada pelas ferrovias se deve principalmente ao aumento dos investimentos na malha, que por anos havia sido esquecida. Os investimentos da iniciativa privadas somam mais de 24 bilhões de reais de 1997 até hoje e estão distribuídos pelos mais diversos segmentos da ferrovia. Dentre eles, podemos citar a ampliação da frota de material rodante que passou de pouco mais de 45 mil para mais de 100 mil somadas as locomotivas e vagões, além disto, tivemos investimentos em via permanente, sinalização, oficinas, informatização e capacitação de pessoal, e em novas tecnologias e telecomunicações.


0 comentários

Postar um comentário