Páginas

Arquivo

terça-feira, 1 de julho de 2008

Entrevista João Touguinha,presidente da Câmara do Comércio do Rio Grande(RS)



Reproduzo abaixo entrevista do presidente da Câmara do Comércio do Rio Grande, João Touguinha, concedida a repórter Mirela Pinho da Revista Conexão Marítima(RS) e que foi veiculada no site da Revista(http://www.conexaomaritima.com.br/).


João Touguinha, entre outros temas, cobra uma maior atenção do Governo Federal no que se refere a duplicação da BR 392 ( Porto Alegre- Rio Grande). Promessa realizada pelo próprio presidente Lula quando da sua última visita a Rio Grande. Leia a entrevista.



CM:A indústria naval está mudando a situação econômica da região. Fazendo uma retrospectiva do setor econômico, a cidade teve um crescimento absurdo nos últimos meses. De quanto foi esse crescimento?



João Touguinha:A CDL está fazendo um trabalho de levantamento de dados para saber o que foi alavancado nos setores de comércio, hotelaria e alimentação, que são bastante expressivos na cidade hoje. Já a habitação está muito carente, existindo casos de pessoas que trabalham em Rio Grande e moram em Pelotas, pela grande dificuldade de hotéis e aluguéis na cidade. Mas o grande destaque dessa mudança foi o comércio que estava muito esquecido.


As lojas de Pelotas também ganharam muito com a vinda dessas empresas, pois o que não é encontrado aqui, pode ser encontrado em Pelotas. Quanto ao abastecimento da cidade ao pólo naval está em 15%. Os empresários estão encontrando muita dificuldade para adquirir materiais para as suas plantas industriais na nossa cidade.




CM: Os empresários de Rio Grande estão apostando muito nas atividades do pólo naval, e por conseqüência tendo que investir mais em profissionais para atender a demanda. Mas muitas pessoas que realizam os cursos de qualificação profissional dizem não haver espaço para todos no mercado. Outra preocupação é que a mão de obra rio-grandina é muito pouco utilizada já que as empresas trazem seus próprios funcionários. O que é preciso fazer para reverter essa situação?





Touguinha: Hoje, Rio Grande oferece profissionais aptos para assumir a área administrativa, englobando todos os seus setores. Já na parte técnica, os cursos de especialização da cidade não conseguem formar profissionais de acordo com o que esses investimentos precisam. Assim, é preciso trazer mão de obra de fora em razão da especialização. Um exemplo é um soldador da Quip que precisa ter cinco anos de experiência em um tipo de solda para ser contratado, tornando-se um profissional altamente valorizado. Quanto à parte administrativa, repito que Rio Grande supriria muito bem qualquer empresa que viesse para o pólo naval, tanto na área financeira, quanto na contábil e no planejamento, mas as empresas preferem trazer seus próprios funcionários pela facilidade e entendimento dos objetivos prestados. Já a parte de planta mais operacional mostra a deficiência dos os cursos que não se prepararam para formar técnicos, como o CTI em Rio Grande ou o CEFET de Pelotas, e ainda existem muitos cargos técnicos da área naval que a cidade não tem como suprir.




CM: O programa Investopem é um programa de incentivo às empresas, e tem como objetivo diminuir o imposto municipal a pagar de empresas com elevado número de funcionários. Atualmente, quantas empresas na cidade estão participando desse programa?



Touguinha: Projetos desse porte, como também é o caso da Caixa RS , fazem com que para que o investidor possa retirar um valor , tenha que apresentar um projeto que deve ser aprovado pela financiadora. Mas a demora de todo esse processo burocrático faz com que o empresário procure outras empresas, pagando juros maiores que os previstos.



CM: Há uma expectativa quanto a novos investimentos na área portuária ainda esse ano? Na sua opinião, há um interesse de novas empresas virem a se instalar no nosso porto?Rio Grande está preparado para receber novos contratos?



Touguinha: Rio Grande tem 538 hectares prontos para instalar qualquer tipo de empresa que seja implantada para suprir a necessidade do pólo naval, em questão de Zpes. A zona de Processamento de Rio grande é privilegiada em relação às outras que foram liberadas (Santa Catarina, Minas Gerais e Tocantins). As empresas instaladas em ZPEs são destinadas à exportação, mas poderão comercializar no mercado interno até 20% de sua receita bruta total de venda de bens e serviços, dando incentivo ao investidor. Mas a implantação da ZPE em Rio Grande ainda está dependendo da aprovação do presidente Lula. Dessa forma, automaticamente, esses investidores virão ocupar essa área privilegiada.




CM: O comércio rio-grandino cresceu muito em um ano, fazendo com que lojas tivessem que ser ampliadas e novos estabelecimentos criados para melhor receber os novos trabalhadores da indústria naval. Houve um retorno quanto a esses investimentos?



Touguinha: Nenhum setor foi prejudicado. No primeiro momento, o que se mostrou deficitário foi a hotelaria, pois alguns hotéis trabalhavam com prejuízo, tendo como saldo positivo no máximo 60% do investimento. Hoje, os hotéis estão trabalhando com 100% de ocupação, o que representa um grande retorno. Quanto ao comércio, muitas lojas melhoraram suas instalações para melhor atender a demanda, mas todo esse trabalho valeu a pena. A questão de alimentação cresceu muito e os restaurantes estão sempre lotados. As farmácias tiveram grande aumento em seu faturamento.Uma carência que Rio Grande apresenta é em relação ao ensino público. Estão vindo muitas famílias para a cidade, o problema de vagas é evidente e está sendo difícil para suprir. A cidade precisa se preparar mais para o futuro, especialmente os segmentos que estavam mais estagnados.



CM: Quanto ao investimento da Aracruz em São José do Norte, quais as perspectivas para a região sul? Rio Grande pode ganhar com isso?




Touguinha: São José do Norte merece esse investimento e Rio Grande terá uma participação considerável com esse novo empreendimento na região sul. A primeira carência que a cidade apresentará é em questão da locomoção. A construção de um túnel é uma realidade, mas levará tempo. A primeira solução será a melhoria da infra-estrutura para o transporte de passageiros e de veículos. A presença de novas empresas que possam atender esse setor, que está um pouco prejudicado, fará com que Rio Grande tenha grande participação nesse crescimento.


Conexão: A questão da duplicação da BR 392. Quando o presidente Lula esteve em Rio Grande, disse que iria começar logo. Qual a sua opinião em relação a essa demora?



Touguinha: O presidente, quando veio a Rio Grande, pediu sessenta dias para a iniciação da 392. Lula disse que a estrada começaria a ser construída pelo retido, e esse não tinha liberação. Mas, passou o tempo e passou o prazo. O presidente falou que se não houvesse negociação com o pedágio, seria construída uma estrada paralela e não pedagiada. Ainda não foi cumprido. Já foi feito um novo documento que retrata a necessidade de duplicação em função do número de acidentes que são apresentados todos os dias. É irreversível, o governo não tem como adiar mais essa situação, porque a estrada já está com a verba liberada dentro do orçamento da União. Quanto a toda parte técnica da liberação, está tudo aprovado. A qualquer momento, pode começar a construção de BR 392.

Conexão: Os representantes do Departamento Nacional de Infra-estrutura Terrestre (Dnit), quando questionados, afirmam que o órgão está com tudo pronto para começar a duplicação. O que falta para isso?



Touguinha: Nada. Só a boa vontade do governo federal.

0 comentários

Postar um comentário