Jornal Zero Hora deste domingo publica uma reportagem, assinada por Rafael Divério, sobre jovem gaúcha que faz parte do grupo de, no máximo, 15 brasileiros com síndrome de Down que chegaram à universidade. Nesta segunda-feira ela começa as aulas no curso de Artes da Furg, em Rio Grande. Abaixo a reportagem:
Marina Marandini Pompeu tem 22 anos e nunca foi reprovada na escola – mesmo
que para isso precisasse fazer aulas de reforço no contraturno do colégio. Desde
a infância, dançou balé, jazz e sapateado. Agora, quer ensinar crianças a
dançar. Foi aprovada na faculdade de Educação Artística da Universidade Federal
do Paraná (UFPR). Precisou de amparo judicial para conseguir uma transferência
para a Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Marina Marandini Pompeu tem
síndrome de Down.
A jovem
gaúcha faz parte de um grupo de portadores da doença que ingressaram no Ensino
Superior. Dos 300 mil portadores da síndrome, segundo o médico Zan Mustacchi,
diretor do Centro de Estudos e Pesquisas Clínicas (Cepec), referência nacional
no assunto, não chega a 15 o número que está em universidades. O Ministério da
Educação não tem dados oficiais.
Ano passado, Marina cursou o primeiro
semestre em Curitiba. Mas a família, de Rio Grande, decidiu retornar ao Estado
e, para conseguir a vaga na Furg, a mãe, Dóris Marandini, teve de recorrer à
Justiça.
– Agora, vai começar o desafio de verdade – brinca
Marina.
Segundo a pró-reitora de graduação da Furg, Cleuza Dias, nada
havia a ser feito pela universidade. Por ser federal, só há duas formas de
ingresso: por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ou por
reingresso.
– Com a decisão da Justiça, estamos amparados para recebê-la
– diz.
No último processo seletivo, 19 alunos com deficiência foram
aprovados na Furg. A universidade tem um Programa de Ações Inclusivas que os
ajuda na adaptação. São oferecidos intérpretes de libras, monitores e
reforços.
– Com certeza, a Marina receberá atenção especial. Apesar de
ter convicção que ela é tão inteligente que teria sido aprovada até mesmo na
seleção normal – comenta Cleuza.
Ser portadora de síndrome de Down nunca
impediu Marina de levar uma vida parecida com a dos amigos.
– Estudei
inglês, espanhol e computação – aponta.
Ao final do Ensino Médio, Marina
mudou-se com a mãe e o padrasto para o Paraná, onde iniciou a faculdade de
Artes.
– Para mim foi um prazer tê-la conosco. Farei questão de
acompanhar a trajetória dela – afirma a coordenadora do curso de Artes da UFPR,
Juliana Azoubel.
RAFAEL DIVÉRIO | Rio Grande
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