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domingo, 11 de março de 2012

Marina Marandini: uma História de Superação




Jornal Zero Hora deste domingo publica uma reportagem, assinada por Rafael Divério, sobre jovem gaúcha que faz parte do grupo de, no máximo, 15 brasileiros com síndrome de Down que chegaram à universidade. Nesta segunda-feira ela começa as aulas no curso de Artes da Furg, em Rio Grande. Abaixo a reportagem:

Marina Marandini Pompeu tem 22 anos e nunca foi reprovada na escola – mesmo que para isso precisasse fazer aulas de reforço no contraturno do colégio. Desde a infância, dançou balé, jazz e sapateado. Agora, quer ensinar crianças a dançar. Foi aprovada na faculdade de Educação Artística da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Precisou de amparo judicial para conseguir uma transferência para a Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Marina Marandini Pompeu tem síndrome de Down.



A jovem gaúcha faz parte de um grupo de portadores da doença que ingressaram no Ensino Superior. Dos 300 mil portadores da síndrome, segundo o médico Zan Mustacchi, diretor do Centro de Estudos e Pesquisas Clínicas (Cepec), referência nacional no assunto, não chega a 15 o número que está em universidades. O Ministério da Educação não tem dados oficiais.

Ano passado, Marina cursou o primeiro semestre em Curitiba. Mas a família, de Rio Grande, decidiu retornar ao Estado e, para conseguir a vaga na Furg, a mãe, Dóris Marandini, teve de recorrer à Justiça.

– Agora, vai começar o desafio de verdade – brinca Marina.

Segundo a pró-reitora de graduação da Furg, Cleuza Dias, nada havia a ser feito pela universidade. Por ser federal, só há duas formas de ingresso: por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ou por reingresso.

– Com a decisão da Justiça, estamos amparados para recebê-la – diz.

No último processo seletivo, 19 alunos com deficiência foram aprovados na Furg. A universidade tem um Programa de Ações Inclusivas que os ajuda na adaptação. São oferecidos intérpretes de libras, monitores e reforços.

– Com certeza, a Marina receberá atenção especial. Apesar de ter convicção que ela é tão inteligente que teria sido aprovada até mesmo na seleção normal – comenta Cleuza.

Ser portadora de síndrome de Down nunca impediu Marina de levar uma vida parecida com a dos amigos.

– Estudei inglês, espanhol e computação – aponta.

Ao final do Ensino Médio, Marina mudou-se com a mãe e o padrasto para o Paraná, onde iniciou a faculdade de Artes.

– Para mim foi um prazer tê-la conosco. Farei questão de acompanhar a trajetória dela – afirma a coordenadora do curso de Artes da UFPR, Juliana Azoubel.


RAFAEL DIVÉRIO | Rio Grande

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